Saudações da Cidade Alta, leitor! Um dos meus hobbies favoritos é jogar RPG. Eu simplesmente amo RPG. E, como qualquer jogador sabe, RPG e literatura andam de mãos dadas, e foi graças ao RPG (mais precisamente, ao nerdcast de RPG), que eu conheci o mundo Cyberpunk e tive acesso ao livro sobre o qual vou falar hoje – Ozob: Protocolo Molotov.
Ozob nasceu em uma mesa de RPG que nunca aconteceu, e ganhou vida no Nerdcast de RPG Cyberpunk. O conceito era simples: um replicante (um tipo de ser humano criado em laboratório e genéticamente melhorado) albino, ruivo, e com uma granada vermelha no lugar do nariz. O personagem fez um sucesso estrondoso, e não demorou muito para que tivesse sua origem contada por ninguém menos que Leonel Caldela, autor nacional já famoso por escrever a Trilogia da Tormenta, A lenda de Ruff Ghanor, entre outros livros, e Deive Pazos, o Azaghâl, criador de Ozob.
A história se passa em Delta City, uma cidade erguida sobre o que era Nova Iorque e que se divide entre a Cidade Alta, onde vivem os ricos e abastados, dividida em seus muitos níveis, e a Cidade Baixa, ao nível do solo, onde reside a escória e as massas trabalhadoras, um local onde é sempre noite, e o esgoto cai como chuva.
Ozob mora, justamente, na Cidade Baixa, já que a presença de replicantes é proibida na Terra, onde vive de bar em bar, usando drogas, violência e sexo como forma de esquecer que seu tempo de vida está acabando, já que replicantes vivem apenas por 4 anos.
Enquanto leva essa vida desesperada, Ozob conhece Califórnia, a líder de um grupo de terroristas culturais, os War Roadies, que lutam contra a opressão das corporações se utilizando da música rápida e carregada de raiva de Johnny Molotov.
Ozob: Protocolo Molotov é um excelente livro. A ambientação é sensacional, um mundo oprimido e controlado com mão de ferro por corporações, onde tudo, até a religião, é controlada e comercializada.
A história também é boa, mas confesso que não me chamou muito à atenção. Como em todos os livros do Leonel que eu li até agora, o que me prendeu mesmo foram os personagens. E que personagens!
Desde a família de Ozob, toda composta por replicantes baseados em palhaços famosos dos anos 80, passando por Califórnia, Vivika, Hans Kropp (não Johnny, você não entra na lista…), eu me importava com cada um deles. Senti pena da Guzzo, odiei o Zatati Ratata com intensidade, vibrei com as lutas da Vivika! Esse livro é um carrossel de emoções.
E por falar em emoções, esse é um livro do Leonel Caldela, então se preparem pra uma dose cavalar de escatologia e sadismo. Teve momentos em que eu me senti tão mal, que cheguei a pensar em abandonar o livro. E isso, antes da página 50, se não me engano.
Finalizando, Ozob é uma viagem por um mundo louco e repressivo, regado a muita música, propagandas e destruição. É uma ótima leitura, mesmo que você não conheça nada sobre a temática Cyberpunk, como eu, e não exige que os Nerdcasts de RPG Cyberpunk tenham sido escutados previamente, já que a história acontece antes.
Esse post foi um oferecimento de Nux-Cola. Nux-Cola, o sabor da amizade!